
A política nacional ficou em polvorosa depois que o ex-presidente Lula voltou ao páreo eleitoral. As articulações que vinham sendo traçadas antes do petista recuperar seus direitos políticos tiveram de ser revistas, já que Lula é considerado um dos nomes fortes para a sucessão presidencial de 2022. Apesar de não se apresentar como candidato, o ex-metalúrgico também não nega a possibilidade de se candidatar, “caso seja necessário”. Antigos aliados do Partido dos Trabalhadores que estavam rachando com o PT voltam a sinalizar uma abertura de negociações políticas. Entre estes, o PSB. Não é novidade, em Pernambuco, que o ex-prefeito de Recife Geraldo Júlio é o mais cotado para ser candidato a governador pelo PSB em 2022. O PT, até então, estava inclinado a indicar o senador Humberto Costa. Entretanto, a anulação das condenações contra Lula chacoalharam os planos para as corridas nacionais e estaduais. No ar pernambucano, surgiu uma possibilidade de aliança entre os partidos, rivais nas últimas eleições municipais.
Duas fontes do PSB, que preferiram seguir no anonimato, concordaram que o melhor plano agora é se unir ao PT em 2022 e desconsiderar o PDT para a corrida. “Entre Ciro Gomes e Lula, é óbvio quem tem mais força por aqui”, ressaltou um representante socialista. Para a fonte, Ciro Gomes representaria um apoio ao PSB menor do que Lula poderia dar, especialmente em Pernambuco. O representante também afirmou que a rivalidade entre os partidos amarelo e vermelho em 2020 deveriam ser consideradas “águas passadas à luz dos novos acontecimentos”. Um representante petista afirmou que uma aliança com o PSB agora representaria esquecer a rivalidade em 2020. “O partido tem muito o que considerar”, comentou.
Na casa pedetista, Ciro Gomes é o nome mais cotado para 2022. De acordo com um representante do partido, o momento é de cautela e estratégia. “Não se sabe ainda se Lula realmente vai poder se candidatar, o julgamento pode muito bem acontecer nesse meio tempo”, comentou. Segundo o parlamentar, a sigla poderá ser prejudicada se o PSB e o PT decidirem uma aliança. “É óbvio que o PSB vai agir de acordo com os seus interesses, mas por agora é um aliado nosso”, ponderou a fonte. Um dos nomes fortes do partido socialista que não nega seu gosto por um apoio a Ciro, ou outro candidato não petista é João Campos, eleito ano passado prefeito de Recife. O filho de Eduardo Campos não está disposto a apoiar o PT -ele apoiou Aécio contra Dilma em 2014 e sinalizou acenos a Bolsonaro. O PT-PE confirmou, recentemente, uma diretriz que mostra a aproximação do PSB com possibilidade de aliança.
A jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, destacou em sua coluna hoje, quarta-feira, 21, a aproximação entre as siglas, dando destaque a uma possibilidade surgida nos bastidores: a de Márcio França entrar na chapa como vice de Lula. França é o principal nome do partido em São Paulo, tendo ficado em 2º lugar na disputa pelo governo paulista, com 48,25% dos votos contra João Dória, do PSDB. Políticos veem essa como uma boa alternativa para que Lula ganhe uma fatia maior do eleitorado de São Paulo, um terreno difícil para o PT.