Em análise preliminar, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) identificou como primeiro evento responsável pela interrupção do fornecimento de energia, ocorrido na última terça-feira (15), um desligamento de uma linha de transmissão localizada no Ceará. Todas as regiões do país foram atingidas.
Roraima foi o único estado brasileiro não afetado pelo apagão.
Conforme informações obtidas pelo Jornal do Ceará, o apagão ocorreu após o desligamento de uma linha de transmissão por “atuação indevida do sistema de proteção”, em Quixadá, na região do Sertão Central cearense. Segundo a Companhia Hidro Elétrica de São Francisco (Chesf), a “atuação indevida” ocorreu “milissegundos” antes do desligamento da linha Quixadá II/Fortaleza II, às 8h31.
Em coletiva com jornalistas, nesta quarta-feira (16), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reforçou que o fato isolado não seria o total responsável e que problema segue sendo investigado para total esclarecimento. Ele pediu à Polícia Federal e Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que investiguem o caso.
Por sua vez, Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, que se reuniu com ministro Alexandre Silveira, conversou com a imprensa após o encontro. “Essa linha da Chesf abriu (parou de funcionar) através do não acionamento de uma proteção que estaria programada. Esse evento de abertura de linha não é raro, é até corriqueiro, como forma de proteção para evitar sobrecarga. Mas essa abertura foi feita indevidamente, por uma falha dessa proteção. Ou seja, a linha não precisaria abrir, estava operando normalmente, mas acabou abrindo”, explicou. Esse seria o ponto zero que originou o apagão.
Ele ainda afirmou que nenhuma hipótese do que pode ter causado o episódio foi descartada. “ONS é órgão técnico. O Relatório de Avaliação de Perturbação [RAP] tem esse nome de relatório, mas é uma sequência de reuniões que são realizadas entre ONS e os agentes envolvidos. Seguem um padrão, seguem um procedimento e faz análise técnica do assunto. Fator humano é um fator analisado do ponto de vista técnico. Pode haver falha humana? Pode ter havido uma falha humana. Hoje, nós não podemos dizer que houve ou não houve”, disse.
Em nota, a Eletrobras afirmou que “identificou o desligamento da linha de transmissão 500kV Quixadá II/Fortaleza II, por atuação indevida do sistema de proteção, milissegundos antes da ocorrência de 15/08/2023, às 8h31, envolvendo o Sistema Interligado Nacional – SIN” e que “o desligamento da citada linha de transmissão, de forma isolada, não seria suficiente para a abrangência e repercussão sistêmica do ocorrido”.
Confira abaixo na íntegra:
A Eletrobras informa que identificou o desligamento da linha de transmissão 500kV Quixadá II/Fortaleza II, por atuação indevida do sistema de proteção, milissegundos antes da ocorrência de 15/08/2023, às 8h31, envolvendo o Sistema Interligado Nacional – SIN.
Destaca-se que a manutenção dessa linha de transmissão está em conformidade com as normas técnicas associadas.
Ressalta-se que o desligamento da citada linha de transmissão, de forma isolada, não seria suficiente para a abrangência e repercussão sistêmica do ocorrido. As redes de transmissão do SIN são planejadas pelo critério de confiabilidade “n-1”, de modo que, em caso de desligamento de qualquer componente, o sistema deve ser capaz de permanecer operando sem interrupção do fornecimento de energia.
A Eletrobras assegura que continua colaborando para a identificação das causas da perturbação, de natureza sistêmica, e dos motivos que levaram aos desligamentos ocorridos no SIN, sob a coordenação do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS.